sábado, 18 de junho de 2011

A Là Vertov

Seguindo a linha do post anterior sobre Vertov e seu modo de "fazer cinema",
nosso grupo, DigiArt, resolveu produzir um curta (bem do sem vergonha) a là Vertov.

A intenção é mostrar os ângulos do cotidiano, da vida, o modo como cada pessoa enxerga situações corriqueiras. Esse vídeo teria depois uma aplicação no processing.
Veja como ficou:

quarta-feira, 15 de junho de 2011

DZIGA VERTOV

 “UM HOMEM COM UMA CÂMERA”


Podemos resumir suas principais construções teóricas em três noções diferentes e complementares:

1. A montagem de registros (visuais e sonoros)
2. O cine - olho (um meio de registrar a vida, o movimento, os sons e organizá-los através da montagem).
3. A vida de improviso - rodada sem nenhum tipo de direção documental.

Sobre o Filme:
Em O homem com a câmera de filmar, Vertov filma o cotidiano de cidades russas, a verdadeira realidade, com criatividade e lucidez e com uma intenção poética, por exemplo, a montagem não ocorre somente na interlocução de fotogramas, mas, sobretudo no cruzamento e na multiplicação do encontro de olhares, sendo que o próprio argumento do filme impede um único olhar emissor. O mundo despertando, os olhares do diretor, da jovem mulher, da janela e da câmera, se mescla para tentar expressar que sempre algo ou muito no dia a dia nos escapa. A montagem nos oferece uma condição conceitual que procura unir os pontos de vista do observador com o do realizador e com o do receptor.

Não há uma história, mas temos personagens: o homem e sua câmera que tudo registra; e as pessoas retratadas em seu cotidiano. Enquanto a cidade desperta, a mulher desperta, um homem dorme, alguém trabalha. Alguém nasce, alguém morre. Tudo parece acontecer ao mesmo tempo, talvez num mesmo dia, ou num mesmo instante com diversos contrastes e movimento contínuo mesmo quando desacelera e recomeça. 

Vertov brinca com o tempo, acelera, retarda a imagem, tudo em sincronia com uma melodia.
A câmera se assemelha a um olho, que não é seletivo, é apenas instrumento do cérebro, da compreensão humana daquilo que presencia e visualiza. Apesar de não haver uma linha narrativa principal, uma história a ser contada, há um posicionamento, há algo que possa causar reflexão ou estabelecer comunicação, quem dá o sentido somos nós. As imagens possibilitam inúmeras associações. O movimento contínuo é constante no filme mesmo com a manipulação desse tempo.

Vertov consegue criar através da sua construção de imagens toda a reflexão sobre a origem do cinema, transformações e todas as suas possibilidades.