domingo, 23 de outubro de 2011

Motion Design

Motion design ou motion graphics é uma uma área de criação que permite combinar e manipular livremente no espaço-tempo camadas de imagens de todo o tipo, temporalizadas ou não (vídeo, fotografias, grafismos e animações), juntamente com música, ruídos e efeitos sonoros. Para saber mais sobre o assunto a pesquisa abaixo considerará três frentes de desenvolvimento:

• pesquisa bibliográfica nas áreas de design, cinema, TV, vídeo, computação gráfica,
comunicação, linguagem visual, semiótica, e estudos das linguagens;

• pesquisa qualitativa com entrevistas por escrito com artistas de motion graphics atuantes no Brasil, incluindo a coleta de exemplos de desenvolvimento projetual desses autores;

• pesquisa de filmes e vídeos relacionados ao motion graphics em sites especializados na Internet;

Até os anos 1970, as mais significativas incursões de design gráfico no cinema e na TV eram realizadas em película, utilizando técnicas de animação convencional e trucagem. A visualidade típica dos projetos até esse momento era marcada pela combinação de elementos gráficos bidimensionais animados, incluindo tipografia, e imagem real em movimento. O resultado remetia aos conceitos de colagem e fotomontagem, já conhecidos e explorados nas artes gráficas desde o início do século XX, acrescido da dimensão de tempo e de movimento.
Isso veio a mudar apenas a partir dos anos 1980, com o forte incremento tecnológico na área de computação gráfica, e o desenvolvimento de ferramentas de modelagem e animação 3D avançadas. Nesse período, por exemplo, todas as grandes redes de televisão nos centros mais importantes aderiram às animações de logotipos, marcas e objetos com volume no espaço tridimensional como estilo de identidade visual.
Aproximadamente na mesma época, começaram a surgir os primeiros sistemas de composição e manipulação de imagem em movimento por computador, que permitiam combinar e animar livremente camadas de imagem de todo o tipo (vídeo, fotografias, elementos gráficos diversos, tipografia e animações). A chegada dessas ferramentas estimulou, a partir do universo digital, uma retomada da visualidade anterior de colagem dinâmica de imagens bidimensionais.
Ao que parece, foi nesse momento que surgiu o termo motion graphics, precisamente para designar o conjunto da produção oriundo dessa retomada. Na tentativa de uma definição, sobressaem dois aspectos: do ponto de vista técnico, motion graphics poderia ser descrito, portanto, como uma aplicação mista de tecnologias de computação gráfica e vídeo digital; e no plano conceitual, como um ambiente privilegiado de exercício de projeto gráfico através de imagens em movimento.
No início, os sistemas digitais de composição de imagem em movimento eram extremamente caros e de arquitetura fechada, tidos como “caixas pretas”, como de resto ocorria em muitas outras áreas da computação gráfica profissional. Um pouco mais tarde, no entanto, já em meados da década de 1990, surgiram novas soluções de software nessa área bastante acessíveis, baseadas em computadores de uso pessoal, de arquitetura aberta, configuráveis pelos próprios usuários, e mais fáceis de se aprender a usar.

Esses últimos avanços tecnológicos, conduziram a um verdadeiro boom de produção em motion graphics, com reflexos especialmente expressivos no chamado “broadcast design”, mas que até ultrapassam as fronteiras do design gráfico para cinema e TV. Hoje, após a virada do século XX, os programas atuais de composição de imagem em movimento para computadores de uso pessoal incluem recursos de animação 3D, e incorporam, a cada versão, uma quantidade imensa de novas opções de manipulação de imagem, resultando num crescimento exponencial das possibilidades de criação. (...)

Referências históricas do motion graphics

As raízes do motion graphics encontram-se nas aplicações de design gráfico do cinema e na TV e nas experiências plásticas de alguns tipos de cinema de animação menos preocupados com a mimetização do real e a narrativa ficcional linear.

- Filmes de animação

Foram os artistas modernistas que primeiro apresentaram propostas de animação que se
aproximam da noção projetual híbrida do motion graphics. Um dos trabalhos mais conhecidos dessa fase pioneira é “Ballet Mechanic” (1923), realizado por Fernand Leger, ligado ao movimento cubista. O filme constitui-se de uma edição frenética de imagens filmadas.


Imagens retiradas do filme “Ballet Mechanic”, de Fernand Leger.

Algumas delas são tratadas quase como fotografias de elementos recortados em fundo neutro,
enquanto outras são refratadas por prismas em múltiplas visões. Há ainda o registro de
objetos gráficos, tipografia, dígitos, e inclusive a figura de uma espécie de boneco cubista
com membros reunidos numa colagem e animados com técnica de stop motion, num resultado
parecido com o que se faz modernamente no motion graphics.

O artista americano Man Ray produziu filmes surrealistas que chamava “invenções de formas
luminosas e movimentos”. Em “Anemic Cinema (1925-26), feito em colaboração com
Marcel Duchamp, há alternação de planos mostrando discos ora com espirais ora com textos
em movimentos giratórios, produzidos com uma máquina especialmente criada para esse
fim. No filme “L'Étoile de Mer” (1928), baseado num poema de Robert Desnos, em meio
ao texto poético e a uma estranha narrativa, em certo momento vemos um exercício de
composição com a tela dividida em doze áreas com imagens em movimento distintas.


Cenas do filme “Anemic Cinema”, de Man Ray e Marcel Duchamp.

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